Janeiro tá azul

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Eu me considero uma pessoa de sorte: vivo num lugar que gosto muito, e poucas coisas afetam o meu humor, me deixam pra baixo. O clima aqui, por exemplo, afeta muita gente, a falta de sol e escuridão deprimem, o que nunca foi o meu caso.


Ainda assim, desde o ano passado tenho tomado vitamina D por insuficiência que apareceu em exame de sangue, e além disso desde setembro/outubro tenho feito acompanhamento semanal com terapeuta. Acho importante cuidar da saúde mental, e já que tenho tempo e dinheiro pra isso, tô fazendo.


Mas tá, o que eu queria dizer que eu passei o ano todo de 2020 até bem otimista. Apesar de pandemia, de ter adiado casamento, de ter sido impedida de realizar muitos sonhos, eu me sentia feliz, com saúde, tranquila de ter um teto, de ter conforto, de não ter perdido ninguém pra essa droga desse vírus. Não tenho o direito de reclamar de nada! Ou tenho?





Bem, na terapia tenho conversado um pouco sobre essa questão. Me sinto culpada de me sentir frustrada, mas sei que ter adiado um casamento ou não poder viajar não são reclamações válidas diante de um cenário desolador de milhões de mortos, de negacionismo de doença, etc. Masss, qual a medida do sofrimento? O quanto uma pessoa precisa estar sofrendo, na merda, pra ser considerada "intitulada" a sofrer?


Não tenho respostas pra isso por enquanto. O que sei é que desde a virada do ano, parece que virou uma chave em mim. Me sinto totalmente apática. Não tenho mais esperanças de nada. Não espero melhoras, não espero piora, não quero esperar nada. Me sinto num rio, deixando a correnteza me levar. Continuo fazendo minhas coisinhas, minhas aulas, vendo um ou outro vídeo no youtube, lendo de vez em quando. E trabalhando de casa todos os dias. Mas é isso. Não quero ter otimismo, não quero sentir mais frustração. Se pudesse, entraria numa caverna e só sairia em julho.


Anteontem a primeira pessoa foi vacinada no Brasil, e é óbvio que deu um alívio da porra! Eu realmente achava que ia dar errado de alguma forma. Ainda pode dar, né? Eu tenho 10 pessoas vindo do Brasil pro meu casamento em julho, e acho que dificilmente essas pessoas poderão embarcar. É uma merda, mas eu acho que finalmente entendi que não tenho controle NENHUM sobre isso. Então não vou esperar, não vou torcer, não vou nada. 


R. e eu já nos conformamos de que os nossos planos não serão do jeito que queríamos. E já temos o plano B, e já estamos mexendo os pauzinhos pra casar no Brasil também, e já voltamos a fazer alguns tímidos planos pra 2022. Mas é isso, tudo que eu queria era ter um botão fast-forward da vida pra chegar em julho, passar por esse evento em nossas vidas, e depois dar outro fast-forward até dezembro.


Sei lá onde queria chegar com esse post. Estou meio desanimada, mas sei que vai passar, e logo eu volto pra falar de coisas boas!

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